O isolamento altera a estrutura vocal de botos?

Estudo do comportamento vocal de uma população de boto-vermelho isolada há mais de 3 décadas.

Entre os dias 20 e 25 de agosto, uma equipe de pesquisadores, com apoio da Associação Amigos do Peixe-boi (AMPA) em parceria com o Instituto Nacional de Pesquisas da Amazônia (INPA) e o patrocínio da Petrobras,  farão uma expedição ao reservatório da UHE-Balbina, no município de Presidente Figueiredo – Amazonas,  para dar continuidade aos estudos do comportamento vocal de uma população de boto-vermelho isolada,  e separada do restante dos botos da região há cerca de 30 anos, no lago de Balbina.

Vários estudos descreveram ampla variedade de sons para o boto-vermelho, incluindo sons de baixa frequência, burst pulse, estalos de mandíbula, cliques de ecolocalização e assobios. Sabe-se que os botos emitem cerca de 14 tipos de sons, incluindo assobio, e que os valores de frequência desses sons podem variar dependendo do tipo de comportamento, tanto agressivos quanto  de socialização.

Com auxilio de hidrofones, gravadores e muitas horas de dedicação, as vocalizações desses golfinhos serão registradas para posteriormente, junto com os comportamentos associados, serem analisadas e comparadas com os sons de outras populações de boto estudadas fora do lago de Balbina. Nessa etapa, os sons registrados serão caracterizados e a variabilidade dos parâmetros acústicos e das taxas de emissão sonora verificadas. A comparação com sons de botos de diferentes regiões permitirá que os pesquisadores verifiquem se o isolamento dessa população, que é superior ao tempo geracional da espécie, afetou a estrutura vocal desses golfinhos.

Na mesma expedição, será dada continuidade à contagem visual para estimar o número de botos que vivem no reservatório. Essas informações são importantes para a conservação dos boto da Amazônia a médio-longo prazo, e como esses animais se adaptam aos reservatórios, considerando o alto número de hidrelétricas projetadas para os rios da região.

Esses estudos, além de fazerem parte das ações do Projeto Mamíferos Aquáticos da Amazônia, patrocinado pela Petrobras Socioambiental e, também é parte de uma dissertação de mestrado do curso de Biologia de Agua Doce e Pesca Interior do Inpa e do Plano de Ação dos Mamíferos Aquáticos Amazônicos coordenado pelo ICMBio.