Uma fêmea de seis anos, Iúna, é a primeira a se distanciar da área de soltura
Por Ascom Ampa – Aline Cardoso
A maior soltura de peixes-bois da história, com 13 animais, finalmente pode ser realizada. A ação ocorreu dos dias 20 a 23 de julho, na Reserva de Desenvolvimento Sustentável – RDS – Piagaçu Purus. Cinco deles receberam cinto transmissor e já se pode monitorar o deslocamento pós-soltura.
A atividade é uma realização do Projeto Mamíferos Aquáticos da Amazonia, que tem o patrocínio da Petrobras, executada pela Associação Amigos do Peixe-boi – AMPA, com a parceria do Instituto Nacional de Pesquisas da Amazônia – INPA/MCTIC.
Os peixes-boi foram removidos dos tanques do Inpa na manhã da terça-feira, 20, em dois comboios até o Porto da Feira da Panair – no bairro do Educandos e distante 9km do Instituto – onde um barco com três piscinas grandes os aguardavam para fazer o traslado até a reserva.
A equipe, mesmo reduzida, atendeu às medidas de segurança contra o novo coronavírus e foi composta pelos pesquisadores em biologia e veterinária, tratadores e monitores de peixes-bois.
A soltura
A viagem até a Piagaçu-Purus foi tranquila, e os animais chegaram em segurança. Um total de nove animais foram soltos no primeiro dia de atividade, na quarta-feira, 21, e os outros 4, na quinta-feira, 22. Cinco deles com transmissores VHF presos em um cinto no pedúnculo caudal para o monitoramento da adaptação ao novo ambiente.
Por terem passado a maior parte da vida em cativeiro, os animais liberados tendem a ficar por um tempo, no entorno da área de soltura, até adquirirem a noção do novo espaço onde habitam.
No entanto, um deles, Iúna, uma fêmea de seis anos, teve a presença detectada em um lago vizinho a área de soltura, de acordo com o coordenador do Programa de Reintrodução, Diogo de Souza.
Para Vera da Silva, pesquisadora do INPA e líder da expedição, a soltura atingiu o seu objetivo maior, que é devolver os animais à natureza, mas ressalta um viés importante deste trabalho, uma vez que a soltura não é garantia de sobrevivência sem o trabalho de educação ambiental com as comunidades e com a sociedade.
“As comunidades do entorno da Reserva e os monitores são amigos do peixe-boi. Nosso trabalho vem sendo realizado com sucesso nos últimos seis anos para cultivar uma cultura de proteção, não só com o peixe-boi, mas com os animais aquáticos do ambiente como um todo”, conclui.
Conheça agora os novos moradores da Reserva Piagaçu-Purus. São seis fêmeas e sete machos, com idades entre 4 e 14 anos:
Fêmeas
Maués;
Mutuca;
Ajuricaba;
Iúna – recebeu cinto;
Piagaçu Purus – recebeu cinto;
Macurani – recebeu cinto.
Machos
Otinga;
Bariri;
Parauá;
Uixi;
Cuiuanã;
Caua – recebeu cinto;
Itapuru – recebeu cinto.
Os parceiros do Projeto
A realização do Programa de Reintrodução, não seria possível sem o apoio dos patrocinadores Petrobras, Itochu, Aquário de São Paulo e INPA; e da parceria com a Polícia Militar do Estado do Amazonas, com Batalhão de Trânsito e Batalhão da Polícia Ambiental, para o transporte seguro dos peixes-bois do Inpa até o porto.