O que a data significa e como ela permeia as ações realizadas pelo Projeto Mamíferos Aquáticos da Amazônia
O dia 5 de setembro é duplamente emblemático. Primeiro, por ser o dia do decreto que elevou o estado do Amazonas à categoria de Província, em 1850, por Dom Pedro II. E em segundo, por ser o Dia da Amazônia, decretado recentemente, em 2007, como escolha proposital e simbólica do que a Amazônia significa para o Brasil e o mundo.
Para nós, da Associação Amigos do Peixe-boi – AMPA, que executamos as ações do Projeto Mamíferos Aquáticos da Amazônia, patrocinado pela Petrobras, essa data é um lembrete. A data ilustra muito bem a nossa visão, missão e valores para proteger as espécies de mamíferos aquáticos e os ecossistemas aquáticos da Amazônia realizando estudos de ecologia, história natural e comportamento desses animais por tantos anos.
Nesse mar de água-doce e exuberante ambiente vivem cinco tipos de mamíferos aquáticos: uma espécie de peixe-boi, endêmica dos rios da região; o boto-tucuxi e as três espécies de boto-vermelho também endêmicas da Amazônia e dois mustelídeos aquáticos, a lontrinha e a ariranha com distribuição mais ampla na América do Sul. Todas essas espécies, com exceção da lontrinha, estão classificadas pela IUCN e pelo ICMBio como espécies ameaçadas de extinção.
O objetivo do Dia da Amazônia é, além de chamar a atenção e conscientizar as pessoas sobre a importância desse bioma para a manutenção da vida como a conhecemos na Terra, proteger a biodiversidade e a sua função no planeta. Então, ela não é mais uma data comemorativa no calendário e sim uma reflexão do que precisamos fazer para a preservação da região.
As ações de educação ambiental nas comunidades ribeirinhas e dentro Bosque da Ciência do Instituto Nacional de Pesquisas da Amazônia – Inpa, atuando com as escolas e até com os voluntários, nos colocam mais perto dessa contribuição para despertar nos jovens amazônidas as maravilhas de promover a conservação e a preservação dos ecossistemas.
Mas as ações do Projeto Mamíferos Aquáticos da Amazônia não param por aí. Enumeramos atividades essenciais de conservação e monitoramento mensal de botos-vermelhos na Reserva de Desenvolvimento Sustentável – RDS Mamirauá e os estudos populacionais de bioacústica e avaliação da variabilidade genética dos botos-vermelhos no reservatório da Usina Hidrelétrica de Balbina.
Para somar, fazemos a soltura e o monitoramento de peixes-bois da Amazônia, que chegam ao Inpa ainda filhotes. Neste ano de 2021, totalizamos 44 animais completamente reabilitados e soltos na Reserva de Desenvolvimento Sustentável Piagaçu-Purus. Alguns com cinto transmissor VHF para o acompanhamento da adaptação à vida na natureza.
Realizar estas ações de conservação e de preservação constituem um grande desafio para o Brasil e para todos os países amazônicos, sobretudo porque pouco sabemos sobre a nossa imensa biodiversidade. Mais de 70% das espécies da nossa fauna não foram ainda descritas ou catalogadas e a cada dia novos animais são descritos pela ciência.
Muitas vezes, espécies recém-descobertas já estão ameaçadas devido às ações que degradam os ecossistemas e promovem a extinção. Muitas espécies são extintas antes mesmo de serem conhecidas.
No dia de hoje, fica o lembrete: vamos preservar a Amazônia, sua fauna e suas florestas. Que todos os dias sejam 5 de setembro, o Dia da Amazônia.