Tucuxi (Sotalia fluviatilis)
É um dos menores golfinhos da família Delphinidae, e o único representante a viver exclusivamente em ambientes fluviais. O comprimento máximo registrado do tucuxi foi de 1,5 metros de comprimento, com um peso de 53 Kg. Diferente do boto-vermelho, o tucuxi é muito mais parecido com nossa idéia clássica de golfinho, com a nadadeira dorsal alta e triangular e olhos grandes. Os tucuxis provavelmente vieram do ambiente marinho para o fluvial há cerca de 2,5 milhões de anos, e ainda guardam muitas características de seus parentes marinhos, como as vértebras cervicais fusionadas, que os permitem maior velocidade, mas não tem a flexibilidade do boto-vermelho.
O tucuxi é endêmico da bacia Amazônica, encontrado em seus principais rios e tributários. Porém sua distribuição é limitada por corredeiras e cachoeiras.
O tucuxi se alimenta de ao menos 28 espécies de peixes, mas peixes pequenos são os preferidos, não havendo registro de presas com mais de 37cm.
Ao contrário do boto, o tucuxi não apresenta evidente dimorfismo sexual. Os machos atingem o tamanho adulto e a maturidade sexual com 140cm e as fêmeas aos 132cm. A gestação dura cerca de 11 meses, quando nasce apenas um filhote, com aproximadamente 80cm, que são cuidados por volta de 7 meses. Os picos de nascimentos ocorrem nos períodos de águas baixas, entre setembro e novembro.
Tucuxis normalmente vivem em grupos de até 6 indivíduos, sendo raro observar agregações com mais de 10 animais. São animais de vida longa, podendo atingir os 35 anos. A densidade de tucuxis, como de botos, são muito variáveis de acordo com o tipo de rio. Há poucas informações sobre o tamanho populacional na maior parte de sua distribuição, mas parecem ser abundantes e densidades de até 8 golfinhos/km2 foram registradas em rios de água branca, como por exemplo o rio Solimões.
Os tucuxis estão normalmente associados a corpos d’água mais abertos e profundos, tanto na época de cheia como na seca dos rios. Apesar de explorar ambientes de lagos e paranãs no período de águas altas, nunca exploram a floresta alagada.
Diferentemente dos botos, os tucuxis são adorados pelos pescadores, que associam essa espécie a interações positivas de cooperação com a pesca e até mesmo proteção contra os “malinos” botos. Existem relatos de ribeirinhos que foram conduzidos para as margens dos rios após naufrágios.
Por apresentarem comportamento promíscuo, no período de acasalamento seus testículos podem pesar 5% do seu peso corporal.
A principal ameaça ao tucuxi é o emalhe acidental em redes de pesca, mas impactos crescentes como o efeito da construção de hidrelétricas na conectividade das populações e efeitos da poluição na sobrevivência dessa espécie tornam-se uma ameaça real.
No Mundo, o tucuxi está classificado como “dados insuficientes”, indicando que não há informação suficiente para determinar seu status de conservação. Na lista de animais ameaçados do Brasil, no entanto, a espécie é classificada como “Quase Ameaçada”. A falta de informação quanto ao status de conservação do tucuxi é preocupante, pois ele compartilha muitas das ameaças ao boto-vermelho, recentemente classificado como ameaçado, e estudos com relação a sua tendência e dinâmica populacional são urgentes.