2018/11/28 | 11:35
O peixe-boi Mapixari chegou ao cativeiro do Instituto Nacional de Pesquisa da Amazônia (Inpa/MCTIC) em 2000, com aproximadamente cinco meses de idade, vindo da comunidade Jacitara, município de Maraã (distante 920 km da capital do Amazonas). Ele perdeu sua mãe para caça ilegal, estava magro e com alguns ferimentos, mas logo aceitou a mamadeira e todas as condições do cativeiro, reabilitando-se totalmente.
Em 2009, foi selecionado como um dos candidatos aptos para retornar à vida livre. Em abril do mesmo ano, Mapixari e Xibó (outro peixe-boi solto) foram reintroduzidos no rio Cuieiras, afluente do rio Negro. Quatro meses após a soltura, foi avistado dentro da floresta alagada de igapó (ambiente característico da Floresta Amazônica), bastante debilitado e abaixo do peso. Ele foi capturado e levado de volta ao Inpa, onde foi novamente reabilitado.
Em 2011, Mapixari foi um dos primeiros animais a serem transferidos para a nova etapa de semi-cativeiro, permanecendo nesta área por quatro anos, até a soltura definitiva na natureza em 2016, na Reserva Piagaçu-Purus, baixo rio Purus. Diferente da primeira tentativa, Mapixari explorou e utilizou os principais habitats da espécie na época de seca e cheia do rio Purus, e foi avistado periodicamente junto com peixes-bois nativos da área. O monitoramento de Mapixari durou quase 2 anos, tempo da vida útil da bateria do transmissor VHF, sugerindo a adaptação deste animal ao ambiente natural.
“A história de vida do Mapixari é um exemplo e reflete a dificuldade de uma espécie com sérios riscos de extinção sobreviver às ameaças do homem. Nossa sociedade tem a obrigação de preservar o peixe-boi da Amazônia e garantir o futuro dessa espécie, para que as próximas gerações desfrutem de um meio ambiente saudável e equilibrado, respeitando todas as formas de vida. Estamos felizes por novamente proporcionar ao Mapixari mais essa experiência. Ele lutou pela sobrevivência e mereceu voltar a viver livre nos rios da Amazônia”, reflete Diogo Souza.