A coordenadora de patrocínio da Petrobras, que é a patrocinadora oficial do Projeto Mamíferos Aquáticos da Amazônia, Ana Paula Marques participou da translocação das quatro fêmeas para o semicativeiro
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Por Fernanda Farias – Ascom Ampa
Manacapuru – Rumo à liberdade, quatro fêmeas jovens de peixes-bois foram transferidas hoje (02), para a etapa de semicativeiro, na fazenda Seringal 25 de dezembro, localizada na área rural de Manacapuru, quilômetro 74. O local é ideal para que os animais se readaptem lentamente à natureza e consigam sobreviver aos rios na etapa da “soltura”, como explica o responsável pelo Programa de Reintrodução dos peixes-bois do Projeto Mamíferos Aquáticos da Amazônia, Diogo Souza.
“Mais uma etapa foi concluída com sucesso no Projeto, passo fundamental para os peixes-bois sobreviverem na natureza, e a participação e patrocínio da Petrobras é fundamental para fortalecer nossas atividades”, disse Souza sobre a vinda da coordenadora de patrocínio Ana Paula Marques. “De perto os coordenadores do projeto na Petrobras conseguem de fato visualizar todo o envolvimento e esforço da equipe para que todas as atividades do projeto sejam bem sucedidas visando a conservação da espécie”, comenta.
Os peixes-bois que foram translocados hoje foram: Iúna, Ajuricaba, Puraquequara e Anibá. Iúna é o animal mais novo a ser levado para o semicativeiro, a fêmea tem três anos, pesa 100 kg e mede 1,63m.
A ação de transferências dos animais para o semicativeiro começou às 4h e é uma atividade realizada pela Associação Amigos do Peixe-boi (Ampa), e conta com a parceria do Laboratório dos Mamíferos Aquáticos do Instituto Nacional de Pesquisas da Amazônia (Inpa/MCTIC), da Universidade de Kyoto (Japão) e tem o patrocínio da Petrobras.
A importância do peixe-boi na natureza
O peixe-boi é uma espécie endêmica da região amazônica e tem papel fundamental para o equilíbrio dos ecossistemas aquáticos. Ele é animal herbívoro, ou seja, se alimenta exclusivamente de plantas, e pode pesar até quase 450 quilos e medir até três metros de comprimento.
Souza, explica que os peixes-bois além de controlar a biomassa plantas aquáticas, são considerados adubadores naturais das águas da Amazônia. “A urina e as fezes do animal servem de alimentos para pequenos animais que vivem nos rios e igarapés, e por isso todo esse processo é primordial para a base da cadeia alimentar que ocorre nos rios da região, já que nós também utilizamos os recursos dos rios”.
Outro papel significativo que o peixe-boi exerce nos rios, ainda de acordo com o biólogo é diminuir o fenômeno de tapagem. “O peixe-boi chega a consumir até 10% por dia de todo o seu peso corpóreo. Isso contribui para a diminuição do fenômeno de tapagem, que é o acúmulo de capins na superfície de rios, lagos e igarapé, o que dificulta o deslocamento de embarcações e a entrada de luz para dentro das águas”, conta.
Caça ilegal
Três das quatro fêmeas transferidas para o lago hoje foram resgatadas bem debilitadas, pois, segundo os pesquisadores, a mães foram vítimas de caça ilegal. Por ter carne apreciada, o peixe-boi foi e ainda é alvo da caça e por isso entrou para a lista de espécies ameaçadas de extinção.
O biólogo, que é mestre em Biologia de Água Doce pelo Inpa, explica que antigamente o couro do peixe-boi também era usado para fabricar correias de maquinários. “Hoje em dia, a caça e comercialização do peixe-boi é proibida por lei, ela ocorre ainda para a subsistência de algumas comunidades ribeirinhas, mas o grande problema é quando a caça serve para alimentar o comércio ilegal em mercados urbanos”, alerta Souza.
Programa de Reintrodução
O Projeto Mamíferos Aquáticos da Amazônia tem como principais objetivos resgatar, reabilitar e reintroduzir peixes-bois (Trichechus inunguis) aos rios da Amazônia, além de auxiliar o projeto Boto do Inpa.
Com o intuito de reabilitar os filhotes de peixe-boi órfãos para serem, futuramente, soltos nos rios da Amazônia, o Projeto Mamíferos Aquáticos da Amazônia criou o Programa de Reintrodução. “Os animais que participaram Programa, após inserida a etapa de semicativeiro, mostraram 100% de sucesso de adaptação, pois é uma etapa fundamental para a sobrevivência nos rios”, conclui o biólogo.